“O intelectual de esquerda é tipicamente um jacobino. Acredita que o mundo é deficiente em sabedoria e justiça, e que a falha reside não na natureza humana, mas nos sistemas de poder estabelecidos. Ele se opõe ao poder estabelecido, como o defensor da “justiça social” que retificará a antiga queixa dos oprimidos. O intelectual da Nova Esquerda é também um “libertário” . Ele deseja justiça social para as massas e também emancipação para si mesmo. A opressão que rege o mundo, acredita ele, atua externa e internamente. Ela ata a massa da humanidade em cadeias de exploração e ao mesmo tempo gera uma consciência peculiar, uma escravidão interna, que aleija e deforma a alma das pessoas. O tom de voz característico da Nova Esquerda deriva de uma síntese emocional. O novo intelectual advoga a velha ideia de justiça, mas acredita que justiça envolve sua própria emancipação de todo sistema, toda “estrutura”, toda restrição interna.
A importância moral desta síntese é óbvia. Ao unir o clamor contemporâneo por “libertação” à antiga causa da “justiça social”, a Nova Esquerda defende os interesses da humanidade, mesmo quando se inclina de forma contundente em direção à libertação e ao engrandecimento do self. E “justiça[…]”
Trecho de: Roger Scruton. “Pensadores da Nova Esquerda”. iBooks.