Como qualquer pessoa que tenha trabalhado em prol do próximo, ela pôde contar com uma aposentadoria em seus pouco mais de 50 anos. Conheceu um mundo novo e entendeu porque aqui somos peregrinos. A sua felicidade veio acompanhada pela doença. Foi como uma filha, geniosa e mandona, retirando a sua seiva.
Depois de anos de tratamento no SUS, com choro e dores, faltando 3 meses para cumprir uma carência do plano de saúde, tendo resistido ao máximo, apelou à justiça. Encontrou a porta aberta e um ser humano togado que lhe garantiu um tratamento que lhe possibilitasse a sobrevivência. Alguns dias depois, todavia, ela faleceu.
Os senhores da legalidade, com seus muitos papéis, clásulas e garantias, passaram por aquela porta e entraram num salão. Lá, homens experientes, sem saberem de seu recolhimento, disseram que poderia haver dano irreparável ao plano de saúde, caso mantivessem aquela porta aberta, pois a urgência não estava em atendê-la corretamente e garantir o direito à vida, mas em poupar o plano de saúde. Fecharam a sua única porta, sem perceber que Deus já havia aberto outra, no seu Reino de Glória.